Matera, a cidade dos Sassi

Matera, uma importante cidade da Basilicata, no Sul da Itália, é uma das mais antigas do mundo, é um pedaço da pré-história na era contemporânea.

Matera está em meio a uma paisagem rupestre inacreditável que conserva um grande patrimônio de cultura e tradição. Seu território, único no mundo, surge em um planalto calcário que apresenta uma anomalia espetacular: um sulco central, um verdadeiro canyon de 70-80 metros, atravessado pela torrente Gravina, que oferece uma vista espetacular inesquecível. Devido à sua posição geográfica e sua natureza rochosa, o território de Matera foi habitado constantemente desde o Período Paleolítico.

Vista panorâmica de Matera.
Vista panorâmica de Matera. Foto: Giacomo Cenci / Cenci Turismo

Andar por Matera é como viver em um passado esquecido. Ao visitar esta cidade encantadora tem-se a sensação de entrar em um presépio. E não é por acaso que Matera também é conhecida como a “a segunda Belém”, e foi o cenário para filmes como A Paixão de Cristo, de Mel Gibson e Evangelho Segundo São Mateus, de Pier Paolo Pasolini.

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Sassi de Matera, um Patrimônio da Humanidade

Em 1993, A UNESCO, organização da ONU que se ocupa de educação, ciência e cultura, incluiu os Sassi de Matera na lista de Patrimônios da Humanidade. Os Sassi são o 6º sítio na Itália, em ordem cronológica, e o 1º da Itália meridional. Na ocasião desta inscrição, pela primeira vez a Unesco usou como critério o conceito de Paisagem Cultural, que motivou outras inscrições do gênero.

A Unesco também considerou o fato de que os Sassi de Matera representam um ecossistema urbano extraordinário, capaz de perpetuar desde o período mais distante, no passado pré-histórico, os modos de habitações nas cavernas até a modernidade. Os Sassi de Matera não se identificam como um monumento, mas como um sistema de vida, um modelo de desenvolvimento que dura milênios.

Então, os sassi são, antes de tudo, o exemplo mais significativo de núcleo urbano escavado na rocha, testemunhando de modo contínuo “a arte de viver na caverna” desde o Paleolítico até os nossos dias.

Interior de um sasso. Foto: Giacomo Cenci / Cenci Turismo
Interior de um sasso - Matera.
Interior de um sasso. Foto: Giacomo Cenci / Cenci Turismo
Interior de um sasso. Foto: Giacomo Cenci / Cenci Turismo

Nos anos cinquenta, quando a população que vivia nas cavernas esculpidas na montanha foi forçada a abandonar as casas para se estabelecer em bairros modernos, ninguém teria pensado que essas cavernas, “i sassi”, se tornariam o símbolo de uma cidade que renasce.

Sassi de Matera.
Sassi de Matera. Foto: Tanialerro / 123RF

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O que são os Sassi de Matera

Os “Sassi” são casas sobrepostas umas às outras e unidas por ruas sinuosas e escadarias largas, habitadas desde a antiguidade até o meio do século passado, dos quais apenas a fachada é de tijolo, enquanto o resto – muitas vezes um único ambiente – é esculpido na rocha.

O termo “Sassi”, neste caso, significa “bairros pedregosos habitados”, e tem sido utilizado desde a Idade Média para indicar os dois bairros que nasceram ao redor do núcleo original da cidade antiga, a Civita, a partir  de grutas naturais escavadas na rocha e sucessivamente modeladas em estruturas cada vez mais complexas, em meio a dois grandes anfiteatros naturais: o Sasso Caveoso e o Sasso Barisano.

Piazza San Pietro Caveoso – Matera

Arquitetura única dos Sassi de Matera

A arquitetura irrepetível dos Sassi di Matera reflete a capacidade do homem de se adaptar perfeitamente ao ambiente e ao contexto natural, utilizando com maestria características simples como a temperatura constante dos ambientes escavados, o próprio calcário do banco rochoso para a construção das habitações fora da terra, e a utilização dos declives para o controle das águas e dos fenômenos meteorológicos.

Conhecer os Sassi de Matera significa captar a sua essência, descobrir sua história e tradições e compreender, ao mesmo tempo, os valores que fizeram com que seus antigos habitantes criassem um sistema de cidade em harmonia com a natureza e respeitando o ecossistema.


Foto de capa: Jennifer Barrow / 123RF/

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